31/12/07

O Castinheiro

O berço foi antes castinheiro.

O castinheiro, filho da terra, dá-nos sombra e alimento, porta, estrado, teito, leito e cadaleito; mesa e carro; a chuva no vento, a sombra na romaria; fiestra e assento, dorna e barca, arado e moinho. A casa é filha do castinheiro, do cume à masseira, do escano à tulha, do assoalho à teiga. Sendo árvore, o castanheiro abre pousada para os pássaros e mesmo deixa que o pinto verdeal fure, fure como berbequim do seu bico um ninho fundo na melhor das suas p
olinhas, e que as abelhas prendam o seu enxame numa das suas coverochas, e que numa das velhas buratas mostrem os seus olhos espreitadores o mocho ou a coruja.

O castinheiro, sem nada pedir, dá-nos até o trono real no real souto. E ainda há quem diga que a Trave de Ouro que ampara os transmundos, ser, diz-se que, ser, é-lhes de madeira de castinheiro.

Manoel R. Cerdeiriña in "O Souto, un ecosistema en perigo"

Texto da autoria de Manoel R. Cerdeiriña in "O Souto, un ecosistema en perigo",
ISBN: 84-4532068-8. Adaptado para grafia portuguesa neste web.


O Castinheiro na wikipedia